O País se afastou dos trilhos nos anos 1950, com o plano de crescimento rápido do presidente Juscelino Kubitschek, que priorizou rodovias. A construção de ferrovias era lenta para fazer o Brasil crescer “50 anos em cinco”, como ele queria.
“Em seis meses, você faz 500 quilômetros de estrada de terra. Isso em ferrovia leva três anos”, diz Fabiano Pompermayer, técnico de planejamento e pesquisas do Ipea.
Além disso, o lobby das rodovias foi forte. Desde a era JK, os investimentos e subsídios no setor são grandes, não só para abrir estradas como para atrair montadoras.
Maior capacidade
Trens são imbatíveis em carregar muita gente de uma vez. É a ocupação mais democrática das vias públicas por metro quadrado. Uma única linha de metrô transporta até 60 mil passageiros por hora, enquanto um corredor de ônibus leva 6,7 mil. No Brasil, metrôs e trens tiram das ruas 14 mil ônibus e 1 milhão de carros ao dia. Com mais linhas, o efeito se alastraria para as rodovias.
Menos poluição
Um trem lança na atmosfera dez vezes menos gás carbônico por tonelada do que um caminhão. Isso porque, no Brasil, trens usam uma mistura que tem 20% de biodiesel, enquanto caminhões costumam usar outra com 5%. Além disso, caminhão vira sucata cedo. Sua vida útil é de dez anos em média. A do trem, 30 anos.
Para as empresas que administram a malha ferroviária, é mais rentável levar cargas. Países europeus têm política pública para subsidiar o transporte de pessoas.
A rede ferroviária brasileira, excluindo a de transporte urbano, tem 29 mil quilômetros de extensão. Em 1.600 quilômetros, ou 6% do total, passageiros são transportados. Nos outros 94% da rede, só se leva carga. Há dois motivos que explicam por que o Brasil praticamente extinguiu o transporte de passageiros em trens nos trajetos mais longos, que conectavam cidades ou Estados: uma escolha política de priorizar as rodovias a partir dos anos 1940, e a maior rentabilidade, nas ferrovias, do transporte de cargas do que o de pessoas.
O transporte ferroviário de passageiros é uma necessidade que se impõe, tendo em vista a sobrecarga das rodovias e a busca por um transporte de menor custo, que apresente significativas vantagens para o bem estar da população, para a conservação de energia e a preservação do meio ambiente.